terça-feira, 28 de junho de 2011

Choque de realidade

Taguatinga (@pedraohenrique, para os íntimos) - Ontem, uma lenda viva da bateria - Mr. Virgil Donati - esteve em Brasília para apresentar seu Workshop. Pela segunda vez fui a um evento deste tipo (a outra vez está relatada aqui), um workshop. Confesso que não via muita graça em eventos neste formato, onde o tempo é muito curto e não há tanta interação com a figura principal e, por isso, não me interessava em participar. Mas em que outro formato nós, meros mortais, poderíamos ter contato com estes caras? Uma aula particular? Um curso de férias? Sim, apenas numa oportunidade destas, mas neste caso a empreitada é muito mais complicada (mas é possível, certo Deth Santos?). Então, mudei de idéia. O formato é valido, sim. Vamos adiante.


Na noite de ontem estávamos diante de mais um extra-terrestre. Meu conceito para a palavra "pegada" mudou. Eu não bato nas peles da minha bateria, eu encosto suavemente. Uma pele que dura dois ou três anos com o meu uso, durou por uma sessão de aproximadamente duas horas, com Virgil. E ele usa traditional grip (pegada tradicional). TRADITIONAL, gente! Vários aspectos chamaram a atenção na performance de Virgil: técnica apuradíssima, velocidade, precisão, pressão, musicalidade e um domínio fora de série de compassos ímpares e de fórmulas não convencionais de compassos. E tudo isso ao mesmo tempo. Virgil alternou figuras rítmicas entre pernas e mãos, deu dicas sobre o estudo de independência usando a divisão do corpo entre as zonas direita e esquerda, demonstrou diversas idéias para estudo, falou palavrões, arriscou algumas palavras em português, distribuiu baquetas, entre outros. Foi realmente incrível (impressão compartilhada pela maioria das pessoas com quem conversei).


Como não poderia deixar de ser, a galera da Casa de Swing (grupo de bateristas, gente) estava lá em peso: Ted, Hugo, Deth, Kaká, Raphael, Caixeta, Zaban, Tuca, Caco, Paulinho, Thiago, Felipe e eu. Este  dia foi muito aguardado e ainda não conversei com todos a respeito das impressões de cada um. Embora tenha alguma idéia do que vai ser dito, é sempre bom compartilhar diferentes impressões sobre a mesma experiência. Até os não bateristas estavam boquiabertos. A evento também foi importante para rever amigos, como o Jow e o meu primeiro professor - Fábio Pereira - que confidenciou-me, após o workshop, ter decidido parar de tocar bateria (brincadeira dele, claro!). Outro ponto alto da noite, foi a oportunidade de conhecer pessoalmente o responsável pelas áreas comercial e de marketing da Pearl na América Latina, marca que está na minha vida há tempos (leia aqui): o Sr. Ricardo D'Apice, ao qual prometi fazer uma visita à sede nacional da Pearl, em São Paulo.

É claro que num evento como este, assimila-se muito pouco sobre técnica propriamente dita e por isso, os maiores ensinamentos que tiro estão nos aspectos "extra-bateria". Por exemplo: quando perguntado sobre sua rotina de estudos, Virgil respondeu: "Tenho outras obrigações além de tocar bateria e, por isso é difícil manter uma rotina, porém tento estudar de duas a cinco horas por dia. Você, provavelmente, precisa de mais do que isto.". Muita gente riu na platéia, achando graça da "tirada de onda" de Virgil. Apesar de não conhecer a pessoa que lhe fez a pergunta, Virgil recomendou-lhe uma rotina pesada de estudos, o que certamente seria aplicado a qualquer pessoa que estava no auditório, exceto ao próprio. Por que? Porque este foi o caminho percorrido por ele para chegar ao nível onde está. Talvez o que Virgil quis dizer naquele momento é que não há atalhos. Como ele disse em outro momento, deve-se "estudar de forma inteligente". Duas dicas simples e diretas, pura realidade. Realidade esta, que estava ali, na nossa frente.

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