domingo, 3 de outubro de 2010

Por que não?

Águas Claras (até que enfim) - Alguns dias em nossas vidas são marcantes. Os motivos são mais diversos. Tenho uma coleção deles em minha memória. Coleção esta que aumentou na última terça-feira, dia 28/09/2010. Há algum tempo, comentei, aqui no blog, sobre a iniciativa do Deth Santos em ir até New York ter aulas com o grande Thomas Lang. Uma das notícias que Deth trouxe na bagagem foi a vinda de Mr. Lang ao Brasil para a Expomusic e para uma série de workshops. A notícia que já parecia excelente, conseguiu ser melhor ainda, quando soubemos que uma das cidades candidatas a receber um de seus workshops seria Brasília. Não me lembro se isto ocorreu no mesmo dia ou não, mas o fato é que, a partir desta informação, a expectativa de todos os amigos bateristas cresceu bastante.

Passado algum tempo, soubemos que Brasília estaria fora do roteiro de Mr. Lang e que o mais próximo que o teríamos daqui seria em Goiânia (GYN). Nada mal. Alguém que mora em outro continente, a milhares de Km de nós, estaria a menos que 200 Km por um dia, por algumas horas. Enfim, a galera se mobilizou, e foi. Combinamos de não ir em vários carros para diminuir o custo da viagem e finalizamos as questões de horário e local para que todos se encontrassem. Às 17:00 os cinco guerreiros: Flávio Caixeta, Deth Santos, Kaká Barros, Paulinho Portnoy e eu estávamos na BR-040, rumo à Goiânia. Todos devidamente espremidos no carro do Kaká (diga-se). A idéia de ir em apenas um carro, apesar de não ser a maneira mais confortável, mostrou-se perfeita, pois fomos TODOS conversando e "tuitando" até lá. As duas horas que passamos juntos no caminho fortaleceram ainda mais a amizade que vem surgindo da "Casa de Swing". Não pensem mal, trata-se de um grupo de bateristas que reúnem-se mensalmente para "trocar figurinhas". Daqui para frente, apenas a Casa. Em meio às palhaçadas do Kaká e a zoação do Caixeta ao Paulinho, foram 2 horas muito legais.


Chegando à GYN, tudo correu bem. Não nos perdemos, como de costume, um pouco graças ao GPS. No local do evento, ainda encontramos outros amigos da Casa: Raphael Luiz, Paulinho Novaes e Cheba. Ainda tivemos a oportunidade de fazer algumas novas amizades e pude conhecer pessoalmente um batera muito sangue bom com quem já falava via Messenger havia anos, o Paulo 'Pauleraz'. Aguardamos pacientemente a abertura das portas do Santa Fé Hall, com um atraso de aproximadamente uma hora (penso que foi isso, mas a sensação foi de muito mais). A abertura do evento foi por conta de Daniel Oliveira, editor da revista Batera & Percussão, que toca muito, diga-se. Honras da casa feitas, chega a hora de Mr. Lang subir ao Palco. A partir daí foi magia pura. O que vi foi inacreditável. Técnica, pressão, precisão, coordenação e todos os outros elementos que fazem um grande baterista estava ali, a poucos metros de nossos olhos, em carne e osso. Os amigos bateristas me desculpem, mas meu parâmetro para um baterista sinistro mudou muito. Depois do pouco que vi Thomas Lang fazer ao vivo, não conseguirei ver as coisas como via antes. Não sei bem o tempo total que duraram a apresentação e a sessão de perguntas. Penso que em situações como esta o tempo pouco importa, então a última coisa da qual me lembraria seria o tal relógio, que agiria contra nós, se déssemos bola pra ele. Mas foram instantes em que estive de boca aberta, literalmente falando. Acredito que a magia da noite estava sendo captada por todos os presentes (falando sobre a galera da Casa) e como tudo acaba, acabou.


Mas o melhor estaria por vir. Mr. Lang, que já havia cumprimentado Deth durante a apresentação, o convidou para um batepapo no camarim. Desgastado pela intensidade da apresentação, Mr. Lang pediu alguns minutos antes de autógrafos e fotos. Mas a hora chegou: fizemos algumas fotos com o cara e autografei minha revista Modern Drummer, onde o vi pela primeira vez. Também pudemos trocar algumas palavras vagas e "pastéis" em inglês. Realização total, certo? Errado! Eis que passada a sessão de autógrafos e fotos, Deth nos chama para o camarim, onde pudemos bater papo (isso mesmo) por algum tempo com Mr. Lang. Naquele instante, mais uma vez, tive a certeza de que os elementos que fazem um ídolo não se restringem a talento e competência. Thomas, mostrou-se extremamente simples (como o Deth já havia nos dito) e interessado em conhecer um pouco sobre aqueles que ali estavam. Conversamos sobre coisas diversas como sua percepção sobre o Brasil, sua mudança para Los Angeles, sobre alguns de seus planos como a turnê pela Ásia, a venda de sua batera via eBay entre outros. Contamos para ele sobre a Casa e sobre os encontros mensais ao que fomos, surpreendentemente respondidos com: "Nós também temos um grupo como este em Los Angeles. Somos: eu, Tommy Aldridge..." e foi enumerando nomes deste quilate. Meus Deus!! Thomas Lang comparando seu grupo à Casa?? Quando falo em comparar não é a questão da qualidade dos bateristas envolvidos, mas em como ele colocou que também participava de um grupo como o nosso, de como era importante ter este tipo de interação e tudo mais. A humildade do cara foi sensacional. Entre outros assuntos, falamos da idéia do Deth fazer seu próprio Boot Camp (curso do Mr. Lang, do qual o Deth participou), o qual o Caixeta batizou de "Sneakers Camp". Apesar de sempre falarmos sobre isto, naquela hora a colocação foi feita meio na brincadeira e Deth já tratou de falar: "Não, não. Nada disso.", mas Mr. Lang respondeu interessado (nem sério, nem rindo): "Muito bom, Deth. Por que não?". Estão vendo do que estou falando quando disse que ídolos tem muito mais do que talento e competência?


A viagem de volta foi mais silenciosa. Além do fator cansaço, pensávamos em tudo que acontecera naquela noite. E é claro que rolaram as já tradicionais brincadeiras do Kaká e a zoação do Caixeta ao Paulinho. A chuva, que não víamos em Brasília havia mais mais de quatro meses nos acompanhou praticamente por toda a viagem de volta. Alguns dormiram. Outros, como eu, não conseguiam. Era muita informação para tão pouco tempo. Processar tudo aquilo levaria dias. Como de fato levou. E chegamos em segurança, extasiados, confusos, emocionados e abertos à gama de possibilidades que uma noite como aquela nos abria. Confesso que não era fã de Thomas Lang. O admirava, como admiro a vários bateristas e ainda não posso me dizer fã do baterista Thomas Lang. Passarei a acompanhar mais o seu trabalho daqui para frente. Mas já sou fã de carteirinha da PESSOA Thomas Lang. Um cara simpático, simples, humilde e com talento e competência de sobra, que nos faz viajar, transcender as possibilidades e os limites que pensamos estarem mais próximos do que realmente estão. Como na questão Sneakers Camp do Deth: "Por que não?".

11 comentários:

  1. Cara, fiz a mesma viagem... Foi desse jeito q vc falou mesmo, muito 10! E fiquei com inveja da "casa" hein! Se tivesse um lugar pra um desconhecido de Águas Claras, hehehehehehe Abraço

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  2. Como sempre, MUITO BOM PEDRÃO!!!
    Foi fantástico mesmo esse dia!!!

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  3. Bruno, é claro que há lugar. Hoje mesmo tem encontro. Entre em contato comigo via e-mail ou twitter! Grande abraço.

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  4. Concordo em gênero, número e grau: Thomas Lang é realmente um baterista extremamente simples, humilde, em que pese ter uma técnica absurdamente impressionante. Que sirva de lição a alguns colegas bateristas que tocam bem menos, e se acham semi-deuses no 3º nirvana. Aquela noite foi especial pra mim também. Mudei meus conceitos sobre o instrumento, pegada, condicionamento físico, polirritmia, etc. Abraço a vcs ae, e gostaria de saber mais sobre a "CASA".

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  5. Ótimo, meu caro Déo! Fique em contato. No mês de novembro teremos encontro da casa novamente.

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  6. Só sei o que vejo e o que eu vi foi fantástico!
    Obrigado a todos pela oportunidade.
    Foi tudo perfeito! Até choveu...
    São "PEDRO" ?

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  7. Nao acredito q perdi isso... que palha... deve ter sido foda d+++ ainda mais se tratando do monstro thomas lang,belo post pedrao abs inaldo

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  8. Pois é, Inaldo. Lembrei de você e do dia em que comprei a revista achando que era o Dave Weckl e você me "apresentou" o Thomas...
    Abraço, cara1

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  9. Os comentários são a melhor parte (ou deveriam ser, se a galera participasse mais)!!

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