domingo, 30 de setembro de 2012

Quem vai Quebrar o Paradigma?


Brasília (em terra de IOS 6, quem tem Ice Cream Sandwich é rei) - A grande disputa do momento, no mundo da Tecnologia de Informação (TI), é: Apple versus Google. Em nosso mundo paralelo (o da TI) a dicotomia é algo comum. Não é raro ver profissionais optando seguir por caminho A ou B, usuários apaixonados pela marca/tecnologia A ou B, entusiastas de uma ou de outra, evangelizadores, entre outros. Há tempos discuto entre meus pares a respeito do assunto e analiso quem ganha e quem perde com estas disputas.

O mercado de tecnologia da década de noventa foi marcado por um amplo domínio da empresa estadunidense Microsoft. Produtos como Windows, Office, Visual Studio, entre outros dominavam seus respectivos segmentos. Em meados da década, começaram a surgir os principais rivais: Linux, que fazia frente ao Windows (para a utilização em servidores, visto que sua utilização doméstica e em estações de trabalho nunca foi uma realidade); Delphi, competindo com o Visual Basic no segmento de desenvolvimento de aplicações; entre outros. Da mesma forma, a Microsoft tentou entrar em segmentos onde não tinha tradição como: servidores de Banco de Dados para a plataforma baixa, onde apresentou o SQL Server, que fez frente ao Oracle, líder deste mercado; no segmento Internet (que acabara de surgir),  onde o líder era o Netscape e este foi confrontado pelo Internet Explorer.

Em meio à embates recheados de elementos como: apresentações midiáticas a cada nova versão de aplicativo, espionagem industrial, contratação de profissionais do concorrente, legiões de evangelizadores remunerados de parte a parte, suspeita de sabotagem, disputas judiciais, entre outros elementos típicos de uma verdadeira “guerra”, empresas foram compradas, outras levadas à falência e outras relegadas à margem do mercado. Na maioria destas brigas não houve um vencedor, tamanho o desgaste ao qual os envolvidos (geralmente dois) eram submetidos. Normalmente surgia uma terceira força correndo por fora, fazia algo diferente e acabava por indicar um novo caminho a ser seguido. São exemplos: a briga VB versus Delphi propiciou o crescimento vertiginoso da plataforma Java; Internet Explorer versus Netscape resultou no surgimento do Firefox (vale ressaltar que o Mozilla já havia sido conconrrente no Netscape no passado); a disputa entre os sites de pesquisa Altavista versus Yahoo abriu espaço para o Google; entre os provedores gratuitos de e-mail, do embate Hotmail versus Yahoo, surgiu o Gmail; e há outro sem número de situações semelhantes.

Na dicotomia atual, vejo alguns aspectos particulares que demonstram que a Google aprendeu com o passado, o que pôde ser percebido na aquisição do Youtube, mesmo tendo tentado (e fracassado) a concorrência por meio do Google Player. Adquirir o líder do segmento e seu know-how parece ser mais eficaz do que percorrer todo o caminho e ainda passar pelo desgaste da disputa. Já a Apple parece não importar-se com diversos aspectos que se mostraram ineficazes ao longo do tempo, como: não adesão aos padrões de mercado (por exemplo, a interface de conexão do iPhone); não permitir a expansão da memória de seus produtos, usando cartões de memória; controle do conteúdo de seus produtos por meio de software proprietário e pouco flexível (iTunes). Uma questão interessante e a ser estudada é o fato dos consumidores da Apple importarem-se pouco com as restrições a eles impostas. Mas o fato aqui é que esta disputa, em particular, envolve alguns aspectos fundamentais, quase filosóficos e este fato a torna muito interessante frente às demais.

O ponto de vista que defendemos desde a época do duelo Windows versus Linux é que não devemos tomar partido de forma radical. Devemos aproveitar os pontos fortes de uma e de outra e ao mesmo tempo, estar conscientes de suas limitações. Sob o ponto de vista profissional, o melhor é estar no meio, conhecer os dois mundos e saber como lidar com os dois. Este tipo de postura abre um leque maior de possibilidades, além de minimizar o risco em caso de opção por um lado que venha a ser subjulgado. A respeito dos "vencedores" acreditamos que dificilmente alguém sairá desta disputa sendo declarado vencedor absoluto. As dicotomias, via de regra, permitiram a alguém, até então fora do contexto: inovar, quebrar o paradigma e liderar a caminhada pelo novo caminho proposto. Acreditamos que aí está a fórmula para a "vitória" neste tipo de disputa: a quebra de paradigma. Sendo assim, o comportamento que recomendamos é: saber tirar proveito das plataformas e produtos oferecidos, sem tomar partido de forma radical e aguardar o próximo passo que, com base no que ocorre historicamente, não será dado nem por Apple e nem por Google.

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