quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Porque eu uso Pinguim Drums?

Taguatinga (sim, existe vida após a reforma) - Antes de mais nada, esclareço que este post nada tem a ver com propaganda (ou merchandising, se preferirem). Trata-se apenas de uma reflexão/reverência. A questão da vez é a fabricante nacional de baterias Pinguim. Para contextualizar o leitor, a Pinguim é uma fábrica de baterias nacional que foi fundada há bastante tempo (década de 50) e que, em sua jornada, já teve alguns períodos de hiato e atualmente vem usando de criatividade e jogo de cintura para manter-se na ativa.

Tenho alguns equipamentos da Pinguim. Sou um feliz proprietário de uma bateria modelo Piccolo, equipado com uma caixa da série limitada denominada Êxitos (com 10 afinações, entre outras features). A história desta bateria é extremamente curiosa. Comprei-a em novembro de 2004 do Jones, um camarada que era revendedor autorizado da marca, na época. Inicialmente, meu interesse deveu-se exclusivamente ao fato de que esta bateria tem medidas reduzidas e eu morava em um apartamento. À medida que minha vida como baterista desenvolvia-se, a bateria andava comigo para todos os lados. Foi nesta bateria que dei minhas primeiras batucadas e foi com ela que fiz meu primeiro show. Não é exagero dizer que em TODOS os lugares em que eu a levava, era sucesso absoluto. Mesmo antes de ouvir seu som, todos ficavam encantados com seu visual. Por várias vezes ouvi elogios rasgados de baixistas, guitarristas e até de curiosos. Do alto da minha ignorância, me desfiz da batera menos de um ano após sua aquisição, em agosto de 2005, quando adquiri minha primeira bateria importada, uma Pearl. "Pô, foi uma troca justa". Pensarão os desavisados. Pois digo aos desavisados: continuem lendo...

Bateria Pinguim montada para show em junho/2010

Vendi a bateria para um amigo que estava iniciando seu aprendizado no mundo das baquetas. Fiquei acompanhando sua trajetória meio de longe e, uns 2 anos depois, meu amigo mudou-se para Goiânia. E a bateria foi junto. A partir daí não pude acompanhar com muita propriedade o desenrolar da história dos dois. Em 2007, mudei-me para uma casa. Agora eu tinha espaço suficiente para ter mais de uma bateria. Mas não tinha dinheiro para dar-me este luxo, ainda mais com a gravidez de minha esposa no fim do ano. Passado algum tempo, as coisas se estabilizaram. Eu já estava na minha quinta (e atual) bateria da Pearl (outro dia eu posto foto de todas elas aqui), quando surgiu a necessidade e a condição de acumular duas baterias, então no início de 2009 comecei a pensar mais sobre o assunto. Como sentia uma saudade incontrolável da Pinguim, resolvi "sondar" o meu amigo de Goiânia e tive a feliz (para mim) notícia de que ele havia desistido de tocar bateria, por questões de prioridades, e que a bateria estava parada. Não pensei uma vez sequer, já emendei uma proposta. O Ricardo me "cozinhou" por uns 3 meses e acabou sumindo. O sonho continuou e, no início de 2010, não me lembro por qual motivo, retomei os contatos para a compra da bateria e, desta vez, não deixei o cara respirar. Depositei a grana e dei um jeito de pegar a bateria. Tempos depois, o Ricardo me confidenciou que havia me cozinhado na oportunidade anterior, porque mesmo sem tocar, ele não gostaria de se desfazer da bateria, já que tinha muito muito apreço por ela. Mas que agora pensou melhor e que, como ele tinha certeza de que eu cuidaria bem da relíquia, acabou cedendo. Muitos amigos músicos dizem aquela máxima: "Não se vende o primeiro instrumento". Apesar de não ter seguido o conselho, fui agraciado com a possibilidade de reaver minha jóia. Ufa! 

Além desta bateria, tenho também, uma caixa da Pinguim totalmente customizada, projetada pela Mônica Roncon (primeira dama da Pinguim, a melhor vendedora de todas) e por mim. É outro xodó. Ainda não fiz um show usando a bateria Pinguim e esta caixa, estou devendo. Esta caixa é outra que ganha elogios por onde passa. Certa vez, iríamos tocar com uma outra banda e o equipamento de bateria das duas bandas seria o meu. O baixista da outra banda era fã desta caixa e já havia feito toda a propaganda para o baterista. Mas no dia eu toquei com uma outra caixa. A decepção no rosto dos dois me fez prometer que na próxima vez levaria a Pinguim. Uma pena que não rolou, mas perceberam a empatia? O cara estava pouco se lixando em tocar na minha bateria Pearl novinha com acabamento sparkle, estava atrás da caixa Pinguim. Apesar de nem ter comentado, quando troquei a bateria Pinguim pela Pearl, o pessoal da banda até reclamou: "Pô Pedrão, eu gostava tanto da outra bateria. Por que você trocou?". Na época eu tinha argumento. Hoje nem eu sei porque fiz aquilo.

Caixa Pinguim 14"x8" totalmente customizada


Este ano, ocorreram algumas passagens marcantes: a primeira, foi o Sérgio, amigo baterista, que soube dos meus planos de reaver a pequena e, a partir dali, tomou coragem para dar "um trato" na sua primeira bateria, uma Pinguim preta, que estava esquecida no porão da casa de seu pai, sem contar que passamos uma tarde inteira falando sobre as Pinguins; a segunda foi no evento 100% bateras, onde o Deth Santos viu a Pinguim e já veio falando de lá "Tenho que tocar nesta bateria e tirar uma foto!"; a terceira foi o Kaká Barros ao ouvir meio atravessado que eu tinha uma Pinguim: parou a conversa em que estava e me perguntou "Você tem uma Pinguim? Que cor? Qual o ano?"; a quarta e última foi o Thiago Cunha, baterista da banda Salve, que ao saber sobre a minha preciosidade perguntou como se estivesse incrédulo: "Você tem uma Pinguim???? Sério? Como ela é?".

Não quero questionar aqui, os motivos pelos quais uma marca tão querida e tão admirada enfrenta tantas dificuldades para sobreviver. Até porque não vivo o dia a dia da Pinguim e acredito que só quem está lá dentro saberá as melhores repostas. Mas deixo aqui o exemplo da Pinguim, que não tem a capacidade financeira uma Tama, não tem a tecnologia de uma DW, o marketing de uma Pearl ou a capacidade de produção em escala de uma Mapex. Mas que fez todas as suas baterias com dedicação, amor, capricho, qualidade e muito respeito aos músicos (disso eu posso falar) e que tem a admiração de muita gente que gosta e que conhece de baterias. Depois da minha Pinguim, tive cinco ótimas baterias da Pearl e uma da Mapex. A única que me deixou saudades a ponto de tentar compra-la novamente foi a Pinguim. Para quem não é músico, pode parecer esquisito dar tanta importância a um instrumento musical, mas como o próprio nome já diz, ele é o instrumento por meio do qual o músico mostra sua arte ao mundo. O que faz das baterias Pinguim tão especiais, além de seu primoroso som, é a garra, o empenho e o amor da família Roncon em nos proporcionar um instrumento de ótima qualidade e que já é querido desde a sua construção. Talvez eles nem tenham a real noção de quanta gente admira a Pinguim, de quanta gente começou a tocar numa Pinguim ou de quanta gente ainda tem uma Pinguim até hoje. Deixo aqui os meus parabéns e desejo, de verdade, que a marca se fortaleça novamente. Como sempre, estarei acompanhando (de perto).


Para quem ficou curioso:
Um vídeo meu, usando a bateria e a caixa da Pinguim: R.E.M. - The One I Love (drum cover)
Site da Pinguim: www.pinguimdrums.com.br

8 comentários:

  1. Pedrão, muito massa ler a história da "nossa" batera! Espero que em um futuro, se eu voltar a tocar bateria, tenha a opção de comprá-la novamente, pois ela foi, também, meu primeiro instrumento! :D Sinto falta da pequena!

    Abração!

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  2. Caro Pedro, estamos montando o site Drum Channel Brasil, que deve ser lançado em abril de 2011. Também tive uma Pinguim, que comprei usada no longinquo ano de 1978. Imagine o som dessa batera! Também vendi e me arrependi. Muito bem, depois desses devaneios nostálgicos, o que eu gostaria de solicitar é sua permissão para inserir este texo no site, na matéria que estamos fazendo sobre a Pinguim. Esse seu testemunho, que como você mesmo disse, não tem nenhuma conotação de propaganda ou mershandising, seria muito valioso para as novas gerações que não conheceram esse maravilhoso instrumento nacional. Aguardo seu contao.
    Parabéns pelo post!
    Grande abraço,
    Luiz Negrini

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  3. Olá Luiz! Não consegui localizar o seu contato (e-mail, site ou outro).
    Deixe-me alguma forma de contatá-lo!
    Abraço.

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    Respostas
    1. Pedro, não sou o Luiz Paulo acima, sou outro Luiz Paulo... estou começando no mundo das bateras a 6 meses. Tenho uma eletrônica. Fiquei sabendo de um evento no eixão. Vocês pretendem fazer algo parecido novamente. Meu e-mail é lpmotta@gmail.com Abraços.

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  4. Olá Pedro. Segue o email do Gmail, que eu não uso muito:
    lpnegrini@gmail.com
    Aguardo seu contato.
    Abraço,
    Luiz

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  5. Fico feliz por essa sua iniciativa amigo.
    A pinguim mora no coração de muitos bateristas desse Brasil.
    Um coisa digo: Não vendo minha pinguim por nada, e nem por dw mesmo.

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  6. Muito bom texto, essa sua pinguin é muito linda. Parabéns.

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  7. Caro Pedro. Publicamos se artigo e colocamos o link para seu blog, confome havíamos combinado. Por favor, visite o link : http://www.drumchannelbrasil.com.br/artigos/13-artigos/311-porquepinguimdrums.html

    Abraço,

    Luiz

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