domingo, 20 de fevereiro de 2011

Copa de 98 - Euforia, frustração, aprendizado

Taguatinga (como já disse antes, minha vida era futebol) - A Copa de 98 foi singular para mim. Era um ano diferente, onde eu começava a faculdade, fazia estágio e tomava alguns rumos que poderiam ser (e foram) definitivos para a minha vida. Em meio à tudo isso, parei de acompanhar um pouco o que acontecia ao futebol brasileiro. Muito, também, pelo fato do Fluminense ter sido rebaixado por duas vezes consecutivas em 1996 e 1997. Mas a Copa do Mundo eu não perderia por nada.

Àquela altura eu já era fã do Ronaldinho (na época ainda era Ronaldinho, para quem não lembra). E, como todo o planeta, apostava que aquela seria a sua copa, assim como a de 1994 havia sido de Romário. Até aquele momento, eu havia assistido todos os jogos das Copas do Mundo anteriores junto com a minha família. Naquele ano, não. Como estava completando a maioridade e tinha (ou achava que tinha) uma certa independência, combinei de ver alguns jogos na casa de amigos, já que a Copa, também seria uma oportunidade de fazermos festas, churrascos e reunirmos toda a nossa turma.

A primeira fase não foi tão tranquila: duas vitórias e uma derrota. Mas estava bom. Estávamos classificados em primeiro lugar no grupo. Nas oitavas de final, o Brasil atropelou o Chile, mas o que mais ficou na minha memória foi o melhor jogo da Copa até então: França x Paraguai, um jogo que acabou 0 x 0, graças à atuação do goleiro paraguaio, Chillavert. Vieram as oitavas de final e o Brasil venceu a Dinamarca com alguma dificuldade (3x2) e todos os comentaristas estavam preocupados pois a preparação do Brasil, que não jogou as eliminatórias (por ser o atual campeão), não foi tão forte quanto à dos principais adversários.


Para mim, independentemente dos resultados, estava tudo muito legal. Grandes jogos, vitórias (independente das circunstâncias), churrascos, festa e até uma namorada eu estava arranjando durante aquela copa. Para mim, estava tudo lindo, perfeito. Aí, veio o jogo mais tenso que já assisti até hoje: Brasil x Holanda. Seria primeiro jogo "de verdade" para o Brasil naquela Copa. Assistimos o jogo na casa de um amigo, o "Suspiro". Lembro-me de vários sentimentos: da angústia, da tensão, do êxtase no gol de Ronaldinho, da apreensão no empate da Holanda e dos cinco ou dez minutos em que minha respiração parou para acompanhar a cobrança de pênaltis. No fim, a alegria foi proporcional à toda a intensidade dos sentimentos positivos e negativos. Fomos festejar na praça do DI e comecei a namorar a pretendente, que mencionei antes. Foi um dia perfeito, que só seria superado pelo dia da tão sonhada final.

Aí... O deus do improvável agiu e a coisa começou a ficar estranha quando a escalação do Brasil foi divulgada e apresentava Edmundo no lugar de Ronaldinho. Ninguém entendeu, ninguém explicou, ninguém aceitou. Tanto que tiveram que voltar atrás. O Brasil entrou em campo com Ronaldinho e o time estava nitidamente tenso. Naquele jogo, Ronaldinho finalmente mostrou que era humano e que, como todos nós, estava sujeito às fraquezas que acometem os seres humanos comuns. O resultado final do jogo todos conhecem. A frustração era do tamanho do mundo. Por alguns momentos, aquilo parecia não ser real. Parecia que era um pesadelo e que ao acordar, a verdadeira final aconteceria. Eu, pelo menos, nunca acordei e o final nunca mudou para mim.


Aprendi várias coisas naquele ano e naquela Copa. Vivi experiências únicas e novas, tomei algumas decisões muito felizes e tive que voltar atrás em outras, sorri e chorei, conheci pessoas que estão na minha vida até hoje e outras que apenas passaram. Há aquele dito "o jogo imita a vida", e talvez a principal lição que tirei foi que eu deveria aproveitar cada dia, cada momento até a sua totalidade, como se fosse o último. Aprendi que não deveria esperar "a final" para comemorar, pois o panorama pode mudar de um jogo para outro, de um dia para outro ou de um instante para outro. Aquela copa, assim como outras situações na minha vida, poderia ter acabado na semifinal.

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