sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"Tecnodependência"

Taguatinga (e não tiro o fone do ouvido) - Bom pessoal, há algum tempo, mencionei aqui no blog que meu iPhone foi furtado. Pois é, não vou entrar em detalhes sobre as circunstâncias, mas o fato é que um dos meus objetos mais estimados me foi covardemente subtraído. Enfim, a vida seguiu. Estou sobrevivendo (agora de BlackBerry). Mas a tal “tecnodependência”já havia instalado-se em mim…

No momento em que me percebi que meu amado smartphone havia sido surrupiado, me bateu um óbvio desespero. Revistei a mochila, que possuía um só bolso, umas trinta vezes.  Em vão, e no fundo eu sabia. Constatada a perda, não arranquei os cabelos num primeiro momento, até para não criar uma situação, já que estava participando de um evento. Pensei nos procedimentos legais: bloqueio do chip, do IMEI do aparelho e etc. O pessoal ao meu redor estava mais revoltado do que eu àquela altura. Mas nada havia a ser feito. “Já era”, pensava eu. Até que, umas duas horas depois, me ocorreu:”Como viverei sem receber meus e-mails de forma on-line daqui para frente?”. “Consultar meus e-mails pessoais apenas à noite, quando chegar em casa? NUNCA!”.  Então, no mesmo dia, já me sentindo mais um “excluído digital”, fui até uma loja da minha operadora de telefonia móvel a fim de resolver o maior problema da minha vida naquele momento: adquirir um novo smartphone. Como estava financeiramente despreparado, escolhi um aparelho que me sairia grátis ou quase isso. Um BlackBerry Curve 8250.

Pronto, meu problema estava resolvido. Podia continuar recebendo e enviando e-mails de forma on-line, comunicando-me via twitter, MSN e etc. Como um mortal consegue viver sem isso atualmente? Então, do alto da minha tranqüilidade, surgiu uma nova questão: e os mp3? Ah, o BlackBerry tem mp3 player (é básico, certo?). Só que a qualidade de reprodução... Ah, a qualidade de reprodução... Deu saudade do iPhone. Carreguei o novo smartphone com alguns mp3 e me engajei na tentativa de adaptação. Na boa, não deu. A qualidade é muito inferior. Vendo que não iria muito longe, apelei para meu antigo aparelho de mp3, um chinezinho de 1 GB, com o visor quebrado e cujo botão de next/previous só funciona quando quer, mas com qualidade de reprodução ligeiramente superior. Agora vai, né? Em 1 GB cabem aproximadamente oito álbuns... Oito? E a minha discografia dos Beatles? E minha coleção de singles da Madonna? E minhas compilações de Rolling Stones, Jovem Guarda, Roberto Carlos, U2 e hits dos anos 70? É... o ato de fazer escolhas é uma das tarefa mais difíceis desta vida...

No dia a dia, encontrei outra dificuldade: nenhum dos dois (celular ou mp3 player) funcionavam bem junto com o som do carro. Sem problemas, vamos de rádio... Depois de duas semanas ouvindo músicas das rádios, pergunto: “como alguém sobrevive a isso?”. Já na primeira semana, pedi morte ao tal “Alejandro”, da Lady Gaga, que tocava a cada meia hora. Como alguém consegue escutar a estas porcarias?  E mais: como alguém sobrevive sem pular para a próxima música, tendo que ouvir todas as musicas na íntegra? Sim, eu sou um daqueles que quase nunca deixam uma musica chegar ao fim, que troca antes. Salvo os dias em que não estou prestando atenção no que está tocando. Pois é, eu precisava urgentemente de um iPod. Por diversas razões, que passam por preço e comodidade, resolvi que não terei outro iPhone. Segurei até onde deu, mas na última semana acabei adquirindo um iPod Classic de 160 GB, onde cabem todos os meus mp3 e com folga!! Ufa...

A tecnodependência me pegou. Passei 90% da minha vida sem tudo isso que mencionei neste post, mas o simples fato de esperar algumas horas para ler meus e-mails me levou ao desespero. A qualidade de reprodução de áudio, não poder escolher o que ouvir, pouco espaço de armazenamento, tudo isso me incomodou mais do que eu poderia imaginar. Engraçado ter vivido tanto tempo sem estas, digamos, “facilidades” e, de repente, ser seu refém. E assim caminha a humanidade: sempre uma nova solução para problemas que não tínhamos. 

Um comentário:

  1. Te entendo perfeitamente! Eh o mal da tecnologia, a dependência eh irreversível. Uma vez dependente, sempre dependente.

    ResponderExcluir

Postagens populares