sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O caso Neymar

Brasília (calculando tudo à base de tijolos, cimento, areia.. ) - Tenho acompanhado não tão de perto, confesso, os últimos acontecimentos em relação a uma das maiores revelações do futebol brasileiro nos últimos tempos: Neymar. Acredito que mais uma vez, temos um jogador de futebol  acima da média , um craque, passando dos limites, como aconteceu com Adriano, Edmundo, Romário, entre outros. Como em todas as discussões referentes à futebol no Brasil, as opiniões sobre o caso são as mais diversas. Minha intenção aqui no blog é levar a discussão para um outro ponto que considero relevante mas que ainda não foi abordado pela mídia especializada (pelo menos eu não vi ou li nada a respeito).

Logo após a Copa 2010, frente ao fracasso da Seleção de "resultados" de Dunga, o time do Santos passou a ser visto como um modelo para o que deveria ser a Seleção Brasileira, já que jogava um futebol "moleque" (não gosto deste termo), ofensivo, bonito, super hiper mega plus e etc. A base de toda a molecagem do time do Santos estava, naquele momento, pautada em quatro jogadores: Ganso (para mim o melhor deles), Robinho, Neymar e André (o caroneiro, em minha opinião). Após a decepção do time que contava com Felipe Melo, Gilberto Silva, Julio Baptista, Kléberson, Josué, Elano e outros, o Santos era o futebol que o "povo brasileiro" queria ver. Era o próprio futebol brasileiro personificado. Pois bem. André foi o primeiro a sair. Robinho, cujo contrato com o Santos terminava em meados de 2010 também tomou seu rumo. Sobraram Neymar e Ganso.

Em agosto, houve primeira apresentação da Seleção de Mano Meneses, onde o quarteto foi novamente reunido e deu show em cima da fortíssima, campeoníssima e consagrada seleção norte americana. Pouco depois, o Chelsea - um dos clubes mais ricos do mundo - veio em busca de Neymar. O Santos endureceu o jogo, mas o clube londrino de capital russo abriu seus cofres para ter Neymar. Após idas e vindas, o Santos convenceu Neymar a ficar. Ofereceu-lhe um projeto (!?) que foi suficiente para seduzi-lo. Logo depois, lembraram-se de Ganso e fizeram-lhe proposta semelhante, temendo o assédio europeu. Eis que este, que considero o melhor jogador dentre os citados (vale repetir, vai...), machucou-se e viu o ano de 2010 acabar mais cedo, esportivamente falando. Sobrou o Neymar.

Caiu sobre Neymar a responsabilidade (ou expectativa, como quiserem) de dar continuidade ao "futebol moleque". Com 18 anos, uma pessoa comum já pode ser presa por um crime venha a cometer, pode dirigir, não pode se casar sem anuência dos pais, pode fazer um financiamento junto ao banco (com fiador), pode ingerir bebidas alcoólicas, pode comprar um maço de cigarros... Tudo isso vale para uma pessoa comum. Para Neymar, não. Ele, com 18 anos, pode TUDO (ou acha que pode). Toda a expectativa criada em cima de um talento que há muito não víamos no Brasil, toda a badalação da mídia (não apenas na imprensa)  somados ao esforço feito pelo Santos, talvez tenha feito com que Neymar se sentisse o "dono" do clube e o ápice desta arrogância ocorreu no jogo contra o Atlético-GO, na Vila Belmiro, onde Neymar xingou o capitão de eu time e seu próprio técnico, Dorival Júnior (que tem idade para ser seu pai).  O mesmo já havia acontecido com adversários. Não vou entrar no mérito dos xingamentos, da lei da ação e reação, das provocações recebidas e etc.

Minha proposta é questionar se o ato de ficar no Brasil não "estragou", de certa forma, o jogador (que tem muito futebol, diga-se). Tivesse ido para o Chelsea, Neymar seria apenas mais um. Seria mais uma estrela no meio de uma constelação que conta com jogadores consagrados como: Drogba, Terry, Ashley Cole, Petr Cech, Ballack e etc. O chá de humildade, do qual Neymar precisa, estaria dado. Sentaria no banco por alguns jogos. Não teria regalias em concentrações, viagens e treinos. Seria mais um jogador tendo que provar seu valor para entrar em campo. No Brasil, Neymar é quase um extra terrestre e  tendo ganho um campeonato paulista e uma Copa do Brasil, títulos pouco significativos, com todo o respeito, acha que pode desrespeitar seus companheiros, seu comandante, seus adversários, sua torcida e à todos que acompanham seu futebol. Se voltar a apenas jogar futebol e deixar as polêmicas de lado, Neymar tem tudo para voltar a brilhar positivamente. O caminho para isto é simples e para começar, sugiro a primeira lição, que pelo jeito não lhe foi ensinada na escola, em casa ou na escolhinha do Santos: respeito ao próximo.

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