terça-feira, 3 de agosto de 2010

Certo, Mano?

Brasília (enquanto escrevo, o Flu é líder) - A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) mudou radicalmente a filosofia de trabalho para a Copa 2014. Primeiro trocou um treinador (sic) sem experiência por um que tem alguma rodagem, já ganhou alguns títulos (com pouco brilho, diga-se) e que um dia já teve fama disciplinador. Outra mudança radical foi o comportamento do treinador com a imprensa, mais especificamente, com a Rede Globo. Parece-me claro que a emissora é parceira da CBF e, por isso, goza de privilégios, digamos. Não por acaso, Mano já falou para a Rede Globo de maneira exclusiva por, pelo menos, quatro ocasiões.

Sobre a primeira mudança. Não me surpreendeu. A postura após a copa de 2006 foi a mesma, o que mudou foram os alvos: Ronaldo, Cafu, Roberto Carlos e Dida. Todos estes jogadores foram sumariamente afastados da Seleção pelo magnânimo. Sem despedidas, sem homenagens. E foram os mesmos que lideraram a Seleção nas campanhas de 1998 e 2002 (junto com Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, na última). Acho no mínimo curiosa, para não dizer estranha, esta postura do magnânimo: um dia o cara é herói, exemplo de atleta e tudo mais; no outro, não presta, é incompetente é a causa do fracasso. Este tipo de postura é clara em pessoas que não assumem sua própria responsabilidade e preferem a cômoda posição de transferi-la. Ronaldo, Roberto Carlos e Cafu foram os únicos responsáveis pelo fracasso em 2006? Não. Dunga foi o único responsável pelo fracasso em 2010? Não. Então simplesmente trocar o elemento eleito como “o” vilão (que até o início da Copa não o era) é solução? Não. Foi o que vimos nos últimos anos.

Sobre mudança em relação à Rede Globo, a situação também preocupa. Qual a função da imprensa: informar de forma imparcial ou defender interesses econômicos, como parece ser o caso? Já começou o “oba oba”, a tal “corrente pra frente”. E qual a intenção? LUCRAR. Não enganem-se: o resultado esportivo está em segundo plano. Basta analisar com calma as declarações sobre o comportamento de Dunga com a emissora oficial, que estariam desagradando aos PATROCINADORES. Os patrocinadores que se danem! O resultado esportivo deveria vir em primeiro lugar. No meio do cabo de guerra, quem perdeu foram os jogadores, que ficaram um longo período sem folgas e tendo pouco contato com o “mundo exterior”. Notem que as estrelas viraram coadjuvantes. As recentes entrevistas coletivas do novo treinador concedidas à emissora parecem estar acertadas com o dono presidente da CBF e denotam uma era de trégua, em que o treinador será “amado” e a emissora será “bajulada”, recuperando o espaço outrora perdido durante a gestão da antiga comissão técnica. Estas atitudes estão fora das atribuições de ambos. Uma emissora de televisão (que goza de concessão pública) deve informar. O técnico da Seleção deve cuidar dos assuntos como convocação, treinos, esquema de jogo, jogadores que surgem e etc.
 

A estratégia do presidente da CBF, que vem perpetuando no poder por 20 anos e que, portanto, está dando certo, é entregar uma cabeça aos leões. De preferência, uma cabeça que satisfaça ao apetite dos seus aliados. Pior para aqueles que são apunhalados pelas costas e, de aliados passam a inimigos (ou culpados). Abre o olho, Mano. Daqui a quatro anos, tanto CBF quanto Globo, que hoje lhe sorriem, poderão estar atirando a SUA cabeça aos leões e, mais uma vez, salvando a própria.

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