sábado, 9 de julho de 2011

Onde está o Tango?

Taguatinga (e eu insisto em assistir) - E o desempenho da Argentina na Copa América? Uma seleção que conta com grandes jogadores, com jovens talentos e com o melhor jogador do mundo na atualidade empatando com a fraca seleção da Bolívia? Empatando novamente, desta vez no sufoco, com a instável seleção da Colômbia, que poderia ter ganho o jogo se assim acreditasse? Incrível, não? Não. E explico: há algum tempo, a tônica das seleções argentinas é esta. Desde a Copa de 1994, curiosamente, a última de Maradona, a seleção Argentina não apresenta um futebol digno do potencial individual de seus jogadores.

Sou apaixonado por futebol, então gosto de acompanhar grande parte do que acontece pelo mundo do mais fantástico esporte já inventado. Assisto aos campeonatos Italiano, Espanhol, Inglês e Brasileiro, além de "zapear" pelos campeonatos Francês, Alemão e Argentino, mas estes são mais sem graça. Os maiores craques do planeta jogam os primeiros campeonatos citados, com exceção para o Brasileiro, e muitas vezes vão pra lá muito cedo, caso de Messi que nunca jogou em seu país e de alguns outros jovens talentos que vem surgindo. Estes craques, começando na Europa ou não, passam muito tempo fora de seus países de origem e, via de regra, vivem o ápice de suas carreiras longe de casa, de suas raízes e da forma de jogar futebol de seu país. O resultado é que alguns jogadores não sabem ou se esquecem do que é o futebol do seu país. Como pode um Messi, por exemplo, nunca ter jogado um Boca x River em La Bombonera? Como um cara que nunca viveu uma emoção como esta pode ostentar a camisa dez, que (quase) sempre vestida por craques originários de um destes dois times?

Tudo isto ajuda a explicar o que acontece com a seleção Argentina. Sou do tempo em que a seleção Argentina tinha, obrigatoriamente: um grande camisa dez (Diego Maradona, Riquelme, Ortega, D'Alessandro...), jogadores que sabiam cadenciar e distribuir o jogo; um centroavante goleador (Caniggia, Batistuta, Crespo, Palermo...), que dava um enorme trabalho para os zagueiros e, num piscar de olhos, fuzilavam o gol adversário; um volante vigoroso e inteligente (Simeone, Redondo, Verón...), que era o cara que dominava o meio campo desarmando adversários e fazendo a saída de bola. Isto, para mim, era o futebol Argentino que tanto nos dava medo. Era um tipo de jogo que a Seleção Brasileira não conseguia neutralizar sempre.

Na seleção Argentina atual, vejo uma sombra daqueles volantes em Mascherano, não vejo o camisa dez e muito menos o centroavante. Portanto, não vejo o futebol argentino. Futebol argentino, era o que o Boca apresentava até 2008, o River no início dos anos 2000 e, mais recentemente, o Velez (nesta última libertadores). E vale frisar que estes times que citei tinham todos os elementos comentados anteriormente. Contrariando suas tradições, a Argentina de hoje joga como os principais times europeus, num 4-3-2-1 ou 4-3-3, com pouca inspiração no meio campo e alguma movimentação na frente. Pode até dar certo e a Argentina pode ser campeã da Copa América 2011. Mas eu preferia ver em campo jogadores como Conca, Montillo, D'Alessandro (por que não?), que representam a classe e a raça dos hermanos. Preferia ver o autêntico Tango Argentino.

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